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Marília Feix

SIM SP | Drik Barbosa, Rosa Neon, Ava Rocha, Maurício Pereira e Castello Branco

Atualizado: 21 de dez. de 2023

Este programa foi ao ar no dia 19 de dezembro de 2019 e registra o clima de encontros da SIM São Paulo, festival que acontece anualmente nos primeiros dias de dezembro com sede no CCSP. Neste episódio você irá ouvir cinco histórias de músicas brasileiras, com Drik Barbosa, Rosa Neon, Ava Rocha, Maurício Pereira e Castello Branco.


Foto: Filipa Aurélio


Pode ouvir na íntegra aqui:


Se você prefere ler, para começar, a rapper paulistana Drik Barbosa conta a história da música “Liberdade”, faixa de seu disco de estreia em carreira solo, Drik Barbosa (2019).


Foto: Divulgação


"'Liberdade' tem a participação da Luedji Luna e da Aey, que é de Londres. Fala sobre a força da mulher e sobre a falta de senso dos homens perante às mulheres. Essa composição foi um presente do Emicida pra mim e eu me apaixonei logo que eu ouvi. Acho que é de extrema importância reconhecer que alguns homens estão nesse processo de desconstrução junto com a gente. E o Emicida teve a sensibilidade de falar sobre a liberdade feminina de uma forma que me tocou também e que faz sentido pra mim," explica Drik Barbosa.


Já Luiz Gabriel Lopes, integrante da banda mineira Rosa Neon, conta a história da composição coletiva da faixa "Cê não tem dó de mim", música do primeiro álbum do grupo, lançado em 2019.


Foto: Sarah Leal | Na foto: Marina Sena, Marcelo Tofani, Mari Cavanellas e Luiz Gabriel Lopes.

“'Cê não tem dó de mim' foi composta coletivamente por mim, pela Marina, pelo Marcelo e pela Mari. A Marina pegou o violão e começou a tocar uma série de acordes. De repente ela veio com a primeira ideia: 'Falei que eu erro o tom'. E aí todo mundo gostou e começou a dar outras ideias e aquela metodologia Frankenstein caótica e harmônica da Rosa Neon funcionou maravilhosamente. A gente optou por dar uma arranjo acústico para ela, uma roupagem diferente das outras tracks. Eu gosto muito do resultado," conta Luiz Gabriel Lopes.


Em seguida a musicista e cineasta Ava Rocha explica a sua composição "Transeunte Coração", parte do álbum Ava Patrya Yndia Yracema (2015).

Foto: Carolina Amorim | Divulgação


"Esta música surgiu quando eu estava montando um longa metragem do meu irmão Eric Rocha, chamado Transeunte. A narrativa do filme retrata um homem solitário de 65 anos que fica flanando pela cidade, obcecado pelas mulheres que ele vê pelas ruas. Ele procura uma solução para a sua solidão nessas mulheres. O Fernando Catatau é responsável pela trilha original e a música tema do filme fala justamente sobre o desejo desse personagem de encontrar esse amor. Então 'Transeunte Coração' é uma resposta para a música do Catatau que diz que ele vai solucionar a sua solidão com uma mulher. E a resposta é: 'Não procure sua solidão em mim, não sou uma mulher a ser caçada para satisfazer a sua solidão. Eu não sou essa imagem que você quer capturar'. A música versa sobre essa solidão da cidade, dizendo a esse personagem: 'não sou eu essa mulher que você procura, não sou eu essa mulher que você ama'. É uma mensagem feminista na perspectiva da mulher, e ao mesmo tempo amorosa, ao dizer que não é essa imagem ou isso que vai resolver a sua solidão. É uma música sobre a liberdade feminina de ir e vir. Porque a gente é olhada e secada nas ruas o tempo todo, como um objeto ou como uma projeção da felicidade. Então é isso, é sobre essas mulheres que transitam pelas ruas e que são secadas, paqueradas, assediadas, desejadas, mitificadas, divinizadas… É uma resposta," explica Ava Rocha.


O cantor e compositor Maurício Pereira também contou a história da música "Florida", faixa de seu disco solo Outono no Sudeste (2018).

Foto: Gal Oppido

"O Outono No Sudeste é um disco bem lírico, bem interno, algumas horas até melancólico. E 'Florida' é uma canção que dá um respiro. Eu vejo ela amarela, até mais primaveril, não tão outono. É tipo uma canção de amor distraída, descompromissada, com coisas certas e erradas e alguma insegurança dentro, mas nem por isso menos intensa. Eu levei ela numa onda mais latina, até mesmo para a salsa. Mas na hora de gravar o disco, o Gustavo Ruiz ainda adicionou alguma coisa de samba de roda da Bahia ou amorna de Cabo Verde, para dar um suingue e deixar ela mais delicadinha, porque é uma canção de amor delicadinha, sem muita grandiloqüência. E a gente acabou chegando nesse suingue híbrido que tá no disco. Toni Penhasco na guitarra faz um fraseado interessante, a gente balançou ela. Então 'Florida' é isso, um pouquinho de calor e fragrância dentro de um disco que tem uma melancolia lírica e intensa. 'Florida' coloca cor no outono," conta Maurício Pereira.


E para fechar, o músico e escritor Castello Branco discorre sobre a composição de "Cola Comigo", que integra o disco Sermão (2020).

Foto: Divulgação


"'Cola Comigo' tem uma história muito doida. Eu estava viajando com a Luiza Brina no dia das eleições presidenciais para o segundo turno. Então, quando o Bolsonaro ganhou, ela ficou muito chateada e chorou. E aquilo mexeu demais comigo... Eu já tinha o arranjo e a melodia, mas escrevi a poesia bem sobre o que eu senti ao ver aquela minha amiga, aquela pessoa que eu amo, tão triste. Essa música fala sobre isso. Sobre dividir a minha força. É sobre como eu estou perante isso tudo que está acontecendo, dividir para fortalecer o próximo," relata Castello Branco.


Trilha Sonora do Podcast:

Akeem Music - Jorge Bem, Presidên


Drik Barbosa - Liberdade (com Luedji Luna e Aey)

Emicida- A Ordem Natural das Coisas (com MC Tha)

Ava Rocha - Transeunte Coração

Potyguara Bardo - Oasis

Maurício Pereira- Outono no Sudeste

Tulipa Ruiz- Gravidade Zero

Castello Branco - Cola Comigo

Thiago Ramil - Amora

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